Cartas para Ninguém – IX

M.

Eu não te amo.
Talvez seja muito forte começar algo com uma afirmação dessas, mas é preciso ser clara e objetiva.
Porém eu penso em vocês, às vezes. E isso deve ser um bom sinal.
Quando o telefone toca e vejo seu nome no visor, sinto um calafrio. É mais medo que amor. Você pode me perguntar como sei distinguir, mas se fosse amor, todas as vezes que eu fosse ao seu encontro sentiria borboletas em meu estômago. Nunca as senti.
Ao contrário, quando ia se aproximando a hora do nosso encontro começavam as disfunções estomacal, intestinal e exaqueca. Meu corpo repele você.
Mas mesmo assim, sigo em frente, quero cumprir com nosso compromisso. Sou uma mulher de palavra.
Depois de várias ligações não atendidas, resolvi te ligar. Menti pra você dizendo que não ouvi chamar.
Então me diz que queria me ver, mas justifica que não poderá ser hoje. E com alívio, eu acredito.
Não te amo, não te ligo, e insistes em me procurar.
Ou tens muito medo de ficar sozinho.
Ou…

F.

4 comentários sobre “Cartas para Ninguém – IX

  1. Em AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA, as sensações de paixão eram confundidas com o sintoma da doença (Cólera).

    As vezes.. as sensações se misturam e o nosso medo nos impede de ver o que acontece de fato.

    Ou isso é o que estou pensando, ou…

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