Que sufoca

A gente lê todo tipo de livro e vê filmes sobre um homem que é obcecado e devotado, que tem um foco único, como a luz e a intensidade de um farol. É Heathcliff com a Catherine. É um vampiro com uma paixão mais forte que a morte. Nós desejamos receber esse tipo de foco vindo de outra pessoa. Daríamos tudo para sermos ―amados‖ assim. Mas esse foco não é símbolo de uma devoção perfeita, é apenas a escuridão, e os fantasmas atormentados da escuridão. É estranho, não é, ver uma pessoa com as feridas emocionais abertas, suas necessidades expostas, como no romance? Nós suspiramos por isso, não sei por que, mas quando o conseguimos, é como se uma faca estivesse encostada no nosso pescoço, nas margens do Greenlake. É um poder não desejado, do qual queremos nos livrar. Um poder que se transforma, finalmente, em impotência. De repente, bem ali, na praia com Finn Bishop, aprendi que o amor verdadeiro não é aquele que prende, sufoca, envolvendo os dois numa dança macabra. Não, ele deixa você livre para pisar em chão firme, e para o outro poder fazer o mesmo, com bastante espaço entre vocês dois.

Deb Caletti in “Um Lugar para Ficar”

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