Carta ao amor ausente – II

L.

Nessa noite sonhei com você, que me abraçava forte. Na história, porque meus sonhos são histórias, você fugia de um amor unilateral, me usava como consolo – um consolo que era eu quem precisava – e me oferecia doces.
Não tinha teu rosto, porque os sonhos misturam lembranças, lugares, pessoas, num caleidoscópio mágico. Mas senti o calor do teu abraço e reconheci sua alma visitando a minha.
Eu sei, foi minha alma que foi te buscar no meio da noite e te encontrou pela manhã. O sol já invadia as frestas da janela do meu quarto. Tanto, que quando acordei desse sonho bom, já me sentindo amparada, não consegui voltar a dormir. Mas a sensação calorosa do teu abraço, não me abandonou por toda a manhã e me fez sentar nessa mesa, para escrever essa carta.
Teu novo quarto tem paredes azuis? Teu quarto antigo era o céu, não era? Por isso as paredes eram azuis. Aqui tudo é branco e cinza, e talvez isso esteja afetando – finalmente – meu espírito.
Os anos passam e não te esqueço.
Vi teu bilhete. Não tive vontade ou tempo de respondê-lo. Tenho perdido a vontade de tudo, até de viver.
Não sei se foram boas as decisões que tomei, tenho medo do futuro que está tão próximo. Tudo tem dado tão errado que me faz repensar. Mas não se volta no passado, não é? Um passo dado à frente, não tem volta.
Oh, amigo meu, como eu te amo e me sinto culpada por derramar esse problemas em ti…
Vi um filme chinês outro dia e achei linda uma linda mensagem na fala dos personagens. Dois amigos despediam-se, um deles iria à uma batalha sem volta, era certa sua morte. Pediu ao amigo que ficava que cuidasse de sua família e era muito grato pelos anos de amizade. Suas palavras, de despedida, eram um acordo: “na próxima vida, quero ser seu irmão”.
Vê, que linda mensagem? Numa próxima vida – porque eles acreditam nisso – queriam que os laços entre eles fossem mais próximos ainda. Num mundo de milhões de almas, de milhões de novas oportunidades, queriam se reencontrar e manter os laços, serem mais que amigos, seriam irmãos. Isso é gratidão, é confiança, é amor.
Peço desculpas por minha alma ter ido buscar a tua. Volta para teu sono, pra tua vida, que espero do fundo do meu coração, que seja mil vezes melhor do que você tinha temido esperado.
Numa próxima vida, amigo meu, também quero te reencontrar.

F.

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Um comentário sobre “Carta ao amor ausente – II

  1. Oi ! Faz tempo que não venho aos Blogs.
    Vc me escreveu um poema certa vez. Lembra?
    Poeta de Fogo

    Para William Garibaldi,

    Papel amarelado sobre a mesa
    Lamparina ao seu lado
    Quis fazer um verso novo
    E chorei desconsolado

    Sozinho recordei
    Tantos amores em vão
    Sofri minha vida inteira
    Tanto dói meu coração

    Meus amores não deram certo
    Desde cedo essa sina
    Insisti em ser romântico
    Mas desisti da rima

    Pensei em desistir do amor
    Mas isso não se põe em jogo
    Com esse carma nasci
    Virei poeta de fogo

    Por conta disso hoje escrevo
    Em brasa, vermelho carnal
    Letra cursiva, caligrafia
    Um samba de carnaval

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