Há muito e muito tempo atrás…
“Durante o reinado do Imperador Wu, no período da dinastia Jin, um pescador perdendo a noção do quanto havia avançado em um rio, de repente se viu em uma floresta de pessegueiros floridos.
Por várias centenas de passos, não havia nenhum outro tipo de árvore em nenhuma das margens do rio.
O lugar cheirava a grama fresca e as flores caíam em desordenada suavidade.
O pescador ficou preso de admiração.
Ele foi ainda mais longe pela floresta, onde as árvores terminaram na origem do rio, onde ele encontrou uma colina com uma pequena gruta um pouco iluminada.
Então o pescador deixou o barco e caminhou através da abertura que era inicialmente estreita, mas suficientemente grande para permitir a passagem de uma pessoa.
Depois de mais alguns passos, eis que a vista se abriu em um espaço amplo.
Uma vasta planície foi trazida à sua vista, repleta de casas distintamente ordenadas e cheia de bons campos, belas lagoas, amoreiras e bambus.
O lugar era marcado por estradas e caminhos entre os campos.
Cantos de galos e latidos de cães eram ouvidos de uma aldeia à outra.
As pessoas que lá operavam e trabalhavam nas fazendas, eram todos homens e mulheres, vestidos como roceiros.
As pessoas de cabelos grisalhos e as crianças com tranças nos cabelos, pareciam felizes e bem contentes.
Eles ficaram surpresos ao ver o pescador, à quem logo perguntaram de onde ele tinha vindo.
O pescador respondeu a todas as suas perguntas.
Então eles o convidaram para visitar suas casas, prepararam galinhas, e serviram vinho para entretê-lo.
Conforme corria a notícia de sua chegada, a vila inteira acabou por recebê-lo.
Os aldeões disseram que os seus antepassados haviam chegado à esse paraíso isolado, trazendo suas famílias e as pessoas da aldeia para escaparem do tumulto durante a Dinastia Qin e que a partir de então, eles haviam cortado ligações com o mundo exterior.
Eles estavam curiosos para saber que dinastia era agora.
Eles não sabiam da Dinastia Han, para não mencionar a dinastia Wei e as dinastias Jin (265-420), período daquele momento do encontro.
O pescador disse-lhes todas as coisas que eles queriam saber.
Eles suspiraram.
Os aldeões ofereceram-lhe uma festa após a outra.
Eles o divertiram com vinho e deliciosas comidas.
Depois de vários dias, o pescador se despediu.
As pessoas da aldeia pediram a ele para não deixar que os outros soubessem de sua existência.
Uma vez lá fora, o pescador encontrou o seu barco e remou para casa, deixando marcas por todo o caminho.
Ele relatou a sua aventura ao prefeito, que imediatamente enviou pessoas para ver o local, com o pescador como guia.
No entanto, as marcas que ele havia deixado, já não podiam ser encontradas.
Eles se perderam e não conseguiram encontrar o caminho para a aldeia.
Nota: Esta lenda e sua pintura se encontram no grande corredor do palácio de verão em Pequim, corredor esse que mede 728 metros de comprimento, possuindo uma rica decoração e mais de 14 mil pinturas como a dessa lenda das flores de pessegueiro.
A expressão shìwaì taóyuán 世外桃源, literalmente: “Fonte de pêssegos de fora deste mundo”, se tornou uma expressão popular Chinesa, que quer dizer: “um lugar fantástico inesperadamente fora do caminho usual, geralmente de uma natureza intocada e de grande beleza.”