Resenha: Oboreru Naifu (filme)

Ano: 2016
País: Japão
Diretor: Yamato Yuki
Onde assisti: Mahal (fansub)

Esta é a sinopse do filmow: “A trama gira em torno de Motsuzuki Natsume (Komatsu Nana), um jovem que se muda de Tokyo para uma cidade do interior. Após conhecer um garoto chamado Hasegawa Koichiro (Suda Masaki), algo dentro dela começa a mudar. O filme retrata “um coração adolescente à beira da ruína”, incluindo o conflito e reconstrução.”

Apesar de conhecer a lenda de Izanagi e Izanami, acho que a adaptação foi meio confusa. Os deuses eram casados e só se separaram com o nascimento do deus do fogo, que machucou mortalmente Izanami que morreu. Ainda assim, Izanagi foi visitar a deusa e esta não quis recebe-lo por estar em decomposição, porém cheio de desejo, Izanagi insistiu e viu a esposa naquele estado. Assustado, fugiu. Izanami se sentiu ofendida e passou a persegui-lo. Então se separaram e Izanami ameaça matar mil homens por dia, enquanto Izanagi retruca que fará nascer mil e quinhentos homens por dia. (ciclo da humanidade)
Nesse contexto, entendo que Natsume era cheia de vaidade e só se aproximou mesmo de Koi porque ele a desprezou. O encontro anterior, no lago proibido também é uma alusão à lenda, pois a criação do mundo (na lenda japonesa) nasceu do oceano agitado pela vara de Izanagi e Izanami que respigou e formou a primeira ilha de terra. Foi o encontro agitado que impulsionou um sentimento entre eles. Um misto de inveja, raiva e paixão. Koi era uma alma livre, porém presa às tradições da ilha pela família. Natsume, além de bonita, podia ir onde quisesse pois a fama lhe permitiria um futuro em outros continentes. Mas ela estava disposta a largar tudo isso por conta desse sentimento por Koi.
No fundo, Koi queria ir para outros lugares, oportunidade que ele nunca teria. Natsume queria ser amada, não por sua beleza, mas queria ser aceita como realmente era: cheia de dúvidas e inseguranças.
E é entre esses dois personagens quebrados e complexos que nasce esse relacionamento, meio abusivo, meio submisso, meio possessivo, meio largado. Não era amor, isso foi claro desde o princípio.
E o ápice da história é o estupro, desculpem o spoiler, mas sem citá-lo é impossível entender o que se segue. É o nascimento do deus do fogo, da lenda de Izanagi e Izanami. É o declínio do relacionamento. Os dois se culpam e carregam suas próprias culpas.
Apesar de Natsume insistir e Koi cair em tentação, o relacionamento está fadado ao fracasso e eles decidem seguir seus destinos. Ele ficará na ilha, e ela irá embora ser modelo e atriz, como era para ser desde o princípio.
O desfecho é a vingança, mas aconteceu apenas para agradar o telespectador. Porque nada muda, a vida segue como deve ser. Porque assim é o ciclo da humanidade: algo morre, para algo nascer. O amor infantil morreu, para a atriz brilhar.

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